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UVG - Pradarias Ultravioletas

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Ganhador no Ennies 2020 em duas categorias artísticas (melhor capa e melhor arte interna), UVG – Pradarias Ultravioletas e a Cidade Negra é assinado por Luka Rejec e chega ao Brasil pela Retropunk. O jogo, inspirado na série de jogos Oregon trails, aborda temas como exploração e descoberta de lugares cada vez mais estranhos e imprevisíveis, com longas viagens para chegar a tais destinos.

Em UVG, o grupo de Heróis deve montar uma caravana que irá singrar as rotas estabelecidas pelas Pradarias. Ao longo das viagens, há muitos pontos de exploração, além de descobertas a serem feitas. Esses caminhos são cheios de perigos, como os mevos (máquinas meio orgânicas que são capazes de infectar criaturas e áreas), caravanas concorrentes, criaturas das mais esquisitas além, claro, dos povos que habitam essas paragens.

Os motivos para tantas jornadas? Vários, como dinheiro, fama e glória para os heróis, curiosidade, desejo de descoberta, ou até a boa e velha busca para salvar o mundo. Caravanas podem ser financiadas por instituições de estudo, que querem revelar segredos sobre o passado desconhecido das Pradarias Ultravioletas, talvez algum aristocrata excêntrico possa estar em busca de algum artefato perdido dos antigos lingas, ou seu grupo sempre tem a opção de começar o jogo endividado em busca de fama e fortuna.

Para abarcar essa proposta exploratória, UVG traz regras que lidam especificamente com o gerenciamento de recursos, tanto individualmente quanto de maneira coletiva. Como poderemos ver nos próximos textos, cada pessoa será responsável pelos espaços livres no seu inventário… e o grupo inteiro deverá cuidar da manutenção da caravana, que contará com uma ficha própria para tal. No meio da vastidão das pradarias, é muito importante saber o que está na sua mala.

O tempo também é contado de maneira mais abstrata: as distâncias entre locais são medidas não em quilômetros, mas em semanas. Isso evita uma contagem maçante de dias e quilômetros percorridos, mas não elimina o potencial para complicações no meio do caminho. Fatores diversos, como os testes de infortúnio, podem aumentar ou diminuir o tempo de viagem, levando à falta de água ou comida, por exemplo. Isso encoraja o retorno contínuo às Pradarias, visto que pausas para reabastecimento são necessárias para o andamento da viagem.

Quando estiver embarcando, mantenha em mente que estas terras são muito diferentes do que se pode imaginar. Em um mundo coberto por um nevoeiro púrpura, conforme os viajantes se afastam da Cidade Violeta, o sol demora mais a nascer e encobre todo tipo de estranheza. Povos que seriam capazes de moldar os próprios corpos, tribos que vivem nos arredores dos ossos de uma besta há muito falecida, seres feitos da mais própria luz, ou ainda coletivos de pessoas que falam em uma só voz, fragmentando sua personalidade em diferentes corpos.

Nessa terra estranha e que à primeira vista não parece fazer sentido, porém, nada é fixado em pedra. O cenário em UVG não tem uma longa história definida a que se recorrer, de forma que ele é propositadamente aberto, seja quanto ao presente, o passado ou ao futuro. A mediadora poderá criar localidades inteiras e colocá-las no caminho do seu grupo, criando em conjunto a história daquele lugar, e que circunstâncias levaram àquela formação. Isso cria oportunidades para novos desafios, e para encontros que podem ser resolvidos apenas na conversa. UVG é um jogo feito para todas as partes envolvidas exercerem a criatividade e deixarem a imaginação correr.

Além de muito espaço para criação, UVG tem também vários efeitos que podem ser rolados em tabelas. Falhou em um teste de exploração quando chega a uma cidade que nunca viu antes? Você pode descobrir muitas coisas sobre o novo lugar, mas não quer dizer que vai se dar bem. Essas tabelas se espalham pelo livro, podendo ser usadas como estão escritas ou oferecendo diversas ideias, seja para personagens, para o desenrolar de suas histórias ou ainda para criar locações completamente diferentes.

Abra o livro e se prepare para seguir por uma bizarra estrada de tijolos amarelos. Não estamos mais no Kansas, Totó.